Vivi cinco anos num país onde as pessoas evitavam cruzar o olhar. Também por isso, era sempre um prazer voltar a Portugal, onde nos entreolhamos sem problemas ao passarmos uns pelos outros. Em Varsóvia, esse olhar demora mais um segundo do que em Lisboa. Não é um olhar de desafio, nem necessariamente de sedução, mas antes de curiosidade, de tomada de consciência de quem entra no restaurante onde estamos sentados ou sai do eléctrico que vamos apanhar. E é um olhar que demora o tempo suficiente para despertar por vezes um sorriso incontido em quem não está habituado. Um sorriso que, para maior surpresa, é muitas vezes correspondido.