12 de ago. de 2011

Pausa no expediente


Até Setembro!

11 de ago. de 2011

Poderia ser Amesterdão...


... mas é Gdansk, a antiga cidade hanseática do Báltico, onde se ouviu o primeiro tiro da II Guerra Mundial.



Tomada pelos cavaleiros teutónicos em 1308...



...conquistada pelos polacos em 1466...



...incorporada na Prússia em 1793, após a Segunda Partição...



...independente após a I Guerra Mundial, com o Tratado de Versalhes.

10 de ago. de 2011

Dress code: no smoking


A primeira surpresa foi logo ao entrar na casa nova, quando me avisaram que todo o prédio era uma área de não fumadores. A segunda surpresa foi no dia seguinte, ao ver que a própria paragem do eléctrico, a céu aberto, era uma zona livre de fumo. Hoje já pouco me surpreende, mas aindo estranho quando chego a casa de uma noitada sem a roupa entranhada, como se tivesse passado a noite inteira a assar frango na brasa. A maior parte das discotecas da moda não facilita, pelo que a brasa, quando fumega, fá-lo sempre em local próprio. É caso para dizer: primeiro estranha-se, depois desentranha-se.

9 de ago. de 2011

Visitação da Igreja


Sempre que calha em caminho e me sobra o tempo, entro na Igreja da Visitação, uma das poucas que resistiu incólume à última grande guerra. O interior vale bem uma “visitação” frequente, com o seu púlpito rococo em forma de navio e o seu tabernáculo em ébano e prata. Mas onde acabo sempre por me deter com maior vagar é num quadro pendurado na nave esquerda, de que desconheço o autor. Tão-pouco sei quem é a figura masculina que, com grande desvelo, sustenta nas mãos um bebé de colo, mas é uma personagem que me intriga. Parece tentar compreender o que a criança balbucia e fixa nela o olhar, como se lhe quisesse perscrutar os pensamentos. Sente-se mais pequeno do que aquele que segura nos braços. Sente que, afinal, nada terá para lhe ensinar. Um homem maduro, que se sabe indefeso perante um menino despido, que estende os braços para lhe afagar a barba. Um homem experiente, que nesse encontro vê abaladas as convicções de uma vida inteira. Um homem a quem resta uma única certeza, que o deslumbra tanto quanto o inquieta: a certeza de que viu a luz do mundo.

8 de ago. de 2011

Todos para a mesa



Pergunte-se a uma dezena de polacos a que horas almoçam e ouvir-se-á dez respostas diferentes. Alguns mantêm o costume local de só comer pelas quatro, quando saem do trabalho, enquanto outros optam por estender a toalha sobre o teclado. Mas também há quem partilhe connosco esse hábito da pausa a meio do expediente, justificando a recente adopção nesta terra do neologismo lunch. Em todo o caso, a hora do almoço, que é uma instituição em Portugal, não tem paralelo na Polónia. O obiad, que é a grande refeição do dia, pode ter lugar algures entre o meio-dia e as cinco da tarde. O jantar também não tem hora certa e, não raras vezes, é-se convidado para um kolację muito antes da hora do telejornal. Talvez isso explique porque a maior parte dos restaurantes serve, ininterruptamente, entre as 11 da manhã e as 11 da noite.

7 de ago. de 2011

Onde está o Wlady?


No meio dos frescos que cobrem as paredes e as abóbodas da Capela da Santíssima Trindade, no castelo de Lublin, escondido entre apóstolos, santos e mártires, está o rei Ladislau (Wladislaw) II, que mandou construir a capela, no século XV. Ao turista cabe a tarefa hercúlea de o encontrar.

6 de ago. de 2011

Summer hit



É o êxito deste Verão. De dia, piscina rodeada de lojas de roupa e acessórios de designers locais. De noite, bar de música electrónica com pista de dança ao ar livre. É um objecto não identificado. Chama-se UFO. Precisamente.

5 de ago. de 2011

À letra


Jak się nazywasz? Como te chamas?
Bardzo mi miło. Muito me alegra.
Nie ma za co. Não tem de quê.
Gdzie wracasz do domu? Quando regressas a casa?
Od czasu do czasu. De tempos a tempos.
Teraz nie mogę rozmawiać przez telefon. Agora não posso falar ao telefone.

O polaco tem muitas expressões que podem ser traduzidas à letra para o português. O problema não é a construção frásica, semelhante à nossa, nem as cedilhas em cima do C ou debaixo de algumas vogais, nem mesmo a pronúncia, que é fácil para quem partilha, na sua língua materna, sons anasalados e sibilantes. O grande desafio é mesmo o vocabulário. Simplesmente não há alternativa a aprender de cor palavras que são, no mínimo, exóticas.

4 de ago. de 2011

Riding the summer



Estacionamento para bicicletas na marginal de Sopot.

3 de ago. de 2011

Perguntas retóricas


- Não tem trocado?
- Tenho, mas eu gosto mesmo é de andar com as moedas a tilintar nos bolsos.
Ou então:
- Não tem mais pequeno?
- Claro que sim, mas é que eu colecciono moedas de cêntimo, está a ver?
Não há quem não queira já ter dado uma resposta à altura das invariáveis perguntas retóricas com que, em Portugal, somos brindados sempre que optamos por pagar em vulgo numerário e não liquidamos a conta certa. O ar de pânico dos comerciantes portugueses quando nos vêem puxar de uma nota (mesmo quando se trata de uma nota de dez para pagar uma compra de 8,20 euros) é apenas suplantado pela cara de ofensa grave que nos oferecem quando lhes perguntamos se nos trocam uma nota de cinco para pagarmos o estacionamento. Na Polónia, os comerciantes parecem não se ralar em levar para casa, todas as noites, uma caixa carregada de moedas e devem aceitar de bom grado uma frequente deslocação ao banco para aviar trocos para a freguesia, em vez de imputar mais esse encargo a quem lhes paga as contas do mês. Aqui o cliente tem sempre razão, mesmo quando não paga com cartão.

2 de ago. de 2011

Era 1 de Agosto e talvez brilhasse o sol



Ontem, pelas cinco da tarde, ao aproximar-me da janela para saber do motivo da sirene que se fazia ouvir, reparei que, como numa brincadeira de crianças, as pessoas pareciam congeladas no meio da rua, os ciclistas apeados das suas bicicletas, os carros imóveis como se o semáforo tardasse em mudar de côr. Durou um minuto o que mais tarde me explicaram ser uma homenagem ao levantamento de Varsóvia contra a ocupação nazi, que teve início a essa hora, a 1 de Agosto de 1944, e que durou 63 dias até ser brutalmente esmagado pelo invasor, enquanto o Exército Vermelho assistia na outra margem do Vístula. De repente, tornou-se clara a profusão de bandeiras nacionais nas janelas das casas, nas frentes dos autocarros, nas traseiras das bicicletas. E tornou-se evidente também o ajuntamento, à hora do almoço, junto das ruínas do Palácio de Saski, sob as quais dois militares guardam, dia e noite, a chama que honra o soldado desconhecido. Perto da uma da tarde, ouviu-se ali uma salva de três tiros. Mulheres assustaram-se, homens carregaram o semblante e crianças choraram. Duraram segundos esses tiros, e as armas estavam apontadas para o céu. Durante a II Guerra Mundial terá sido diferente. Três tiros apenas, a estremecer uma tarde soalheira e a fazer-nos duvidar de nós próprios. A recordar que somos tão frágeis como uma paz que nunca devemos dar por garantida.

1 de ago. de 2011

Pés na areia


O bar da praia 31, o meu preferido em Sopot. Bandas ao vivo ao entardecer. E gaivotas em coro ao amanhecer.