24 de set. de 2011

Honi soit qui mal y pense


Sobre um terreno doado pelo Imperador Leopoldo, os Jesuítas criaram, em 1670, a Universidade de Wroclaw, famosa pelo seu salão cerimonial “Aula Leopoldina”. Na altura, muitos se levantaram contra a erecção, à entrada da Universidade, da escultura de um jovem desnudo empunhando um sabre. As virgens ofendidas achavam escusado que os alunos encarassem, todas as manhãs, um homem nu e o seu instrumento pontiagudo dependurado (o sabre, entenda-se). Reza a história que foram os argumentos do próprio escultor que mantiveram o jovem de pé – algo em torno da humildade que a nudez representa e da valentia demonstrada pela pose de lutador; uma metáfora do próprio estudante que, reconhecendo necessitar de conhecimento, se esforça por obtê-lo. Ou como diria José Tolentino Mendonça, num texto que me mandou há dias uma amiga, “a pobreza e a ousadia de quem aceita, depois de ter percorrido já uma estrada, considerar que está novamente, e que estará até ao fim, a viver sucessivos pontos de partida”.