Às vezes temos de ser nós mesmos a construir os nossos próprios monumentos, como este anseio de liberdade, em Wroclaw, numa ponte sobre o rio Oder.
31 de out. de 2011
30 de out. de 2011
29 de out. de 2011
Podes tudo. Não deves nada.
Foi de repente e não deu para perceber se estavam a anunciar um novo modelo de jipe ou um novo modelo de vida.
28 de out. de 2011
Olex
Um sagitário a fazer o ninho numa árvore ou um touro a jogar às escondidas na floresta não é natural nem fica bem.
Jardim do Museu de Arte de Wroclaw.
Parque Lazenki de Varsóvia.
27 de out. de 2011
26 de out. de 2011
Sic transit gloria mundi
Sempre que vou ao Palácio de Lazienki e olho para este quadro do último rei da Polónia, apoiando a mão direita sobre uma ampulheta colocada no centro da sua coroa, pergunto-me se Estalinau II Augusto, no momento em que era retratado por Marcello Bacciarelli, pintor da sua corte, estaria consciente de que o tempo não corria a seu favor.
25 de out. de 2011
24 de out. de 2011
Electric avenue
Venho de um país onde só não utilizamos o carro se não pudermos. Por isso, temi o pior à saída do concerto que inaugurou o estádio de Wroclaw e imaginei o engarrafamento que os carros de dezenas de milhares de pessoas começariam a formar dentro de instantes. Para meu grande espanto, demorámos o mesmo tempo a regressar ao centro da cidade que a fazer o percurso inverso. E isto porque os mesmos autocarros e eléctricos, que foram levando as pessoas para o estádio ao longo da tarde, ficaram à espera até ao fim do concerto, partindo depois em intervalos de cinco minutos, à medida que iam enchendo. Um dia chegaremos à conclusão que uma cidade civilizada não é aquela em que podemos usar o carro, mas aquela em que o podemos dispensar.
23 de out. de 2011
Mudam-se os tempos
No bairro operário de Praga, na outra margem do Vístula, antigas fábricas estão a ser convertidas em centros de arte. Na foto, a antiga fábrica de vodka "Koneser".
22 de out. de 2011
21 de out. de 2011
Irreal social
O realismo socialista do pós-guerra não matou a ironia dos pintores polacos.
Wojciech Fangor, "Postaci", óleo sobre tela, 1950. Em exposição no MS2 de Łódź.
20 de out. de 2011
Arrête ton cinéma!
Łódź tem a maior e mais antiga escola de cinema da Polónia. O primeiro plateau dos alunos é a rua Piotrkowska, onde tratam de financiar as suas viagens de finalistas com a ajuda dos transeuntes, que lhes pagam para os ouvir cantar... ou para deixar de os ouvir.
19 de out. de 2011
Go beyond the obvious
Tida por muitos como a cidade mais feia da Polónia, Łódź recompensa quem se atreve a explorá-la com tempo. Porque é preciso tempo para assistir ao desfile de Arte Nova ao longo dos quatro quilómetros da Piotrkowska, a rua pedonal mais longa da Europa; tempo para descobrir os muitos exemplos de arquitectura industrial espalhados pela cidade; e tempo ainda para percorrer uma das melhores colecções de arte contemporânea do país. Łódź lê-se "woodge" e é a prova de que a língua polaca, tal como a maior parte das coisas nesta vida, não é assim tão óbvia.
18 de out. de 2011
17 de out. de 2011
Civil Idade
No início surpreendia-me a forma expedita como homens e mulheres se levantavam num ápice para oferecer o lugar a qualquer senhora que entrasse no eléctrico com idade para ser sua avó. Meses mais tarde aprendi, a expensas próprias, o porquê de cortesia tão diligente. É que, no caso de encontrarem pela frente netos distraídos a olhar pela janela ou a ler o jornal, as babcias tratam, elas próprias, de recordar-lhes, e a quem mais queira ouvir, o respeito que é devido às suas orgulhosas cãs. A antiguidade é um posto e, pelos vistos, também um assento.
16 de out. de 2011
15 de out. de 2011
14 de out. de 2011
Do outro lado do espelho
Kamil Kuzko, "Obrona", 2008. Em exposição no Palácio das Artes de Cracóvia.
13 de out. de 2011
Toiletosaurus Rex
Durante muitos anos, do lado de cá da antiga cortina de ferro, era praticamente impossível utilizar uma casa-de-banho pública - fosse num restaurante, numa estação de comboios ou naquilo que aqui então se apelidava de centro comercial - sem ter de enfrentar uma possante e mal-encarada criatura, normalmente do sexo feminino, que guardava com unhas e dentes a entrada nos seus domínios, impedindo a passagem a quem não quisesse previamente aliviar-se de algumas moedas. Em Varsóvia, essa é hoje uma espécie em vias de extinção.
12 de out. de 2011
11 de out. de 2011
INRP
Num país onde o crucifixo é omnipresente, não espanta que uma manifestação sindical seja encabeçada pelo rei dos polacos.
(O cartaz Jezus Chrystus Królem Polski foi fotografado numa recente manifestação, que reuniu dezenas de milhar de sindicalistas europeus em Wroclaw, à margem da reunião dos Ministros de Finanças da União Europeia.)
10 de out. de 2011
Just another maniac Monday
Quem nunca teve vontade de fechar os olhos numa conferência internacional, que atire a primeira almofada.
9 de out. de 2011
8 de out. de 2011
Regresso ao futuro
Para castigar a resistência dos burgueses e intelectuais de Cracóvia ao novo regime saído da Grande Guerra, o governo da República Popular da Polónia decidiu a criação de uma fábrica metalúrgica nos arredores da cidade e, junto à mesma, uma cidade-satélite, capaz de albergar centenas de milhar de proletários e, assim, corrigir o "desequilíbrio de classes" existente. Nowa Huta é uma utopia do realismo socialista tornada realidade e um exemplo de como a arquitectura pode ser uma arma ideológica. No final de uma das muitas avenidas monumentais sobressai a entrada da fábrica, ladeada por duas imitações de palácios renascentistas italianos, os edifícios mais representativos de todo o complexo. Nowa Huta é hoje um bairro de Cracóvia, rapidamente acessível por eléctrico a partir do centro da cidade, mas o que tem piada é fazer a visita ao volante de um dos carros da época (Polonez, Trabant, Lada...) que algumas empresas turísticas têm à disposição. Um passeio com muita classe por um passado sem classes.
7 de out. de 2011
Small is beautiful
Quando nasceu Jan Matejko, um dos mais famosos e prolíficos pintores polacos de sempre, os pais mandaram fazer uma placa em que se lia: "Muitas vezes, Deus serve-se das coisas mais pequenas para revelar a Sua glória". Trocado por miúdos: muitas vezes, o nosso ego é o principal obstáculo ao esplendor daquilo que de melhor temos e somos.
Na foto, uma instalação no átrio da casa-museu de Jan Matejko, em Cracóvia.
6 de out. de 2011
5 de out. de 2011
Nova cidade velha
É verdade que a parte antiga de Varsóvia tem pouco mais de um século porque, tal como o resto da cidade, foi arrasada, praticamente na totalidade, durante a II Guerra Mundial. O próprio castelo real, na foto, só reabriu as portas no final dos anos 80. Mas também é verdade que o cuidado que a sua reconstrução mereceu, baseada em pinturas e gravuras dos séculos XVII, XVIII e XIX, valeu à cidade antiga a sua classificação como património UNESCO. É, por isso, difícil resistirmos a passar uma tarde de sol a percorrer as ruas empedradas entre o castelo e a barbacã ou, simplesmente, a fazer fotossíntese numa das muitas esplanadas do Rynek; fingindo sermos turistas por um dia, quando afinal nunca deixaremos de o ser.
4 de out. de 2011
3 de out. de 2011
2 de out. de 2011
Repeat mode
Podia enterrar a cabeça na areia ou ficar com a cabeça em água. Optei pela segunda e decidi aplicar-me para o exame de polaco de amanhã. "Proszę powtórzyć!" é como se chama o manual. Ou por outras palavras: "Importa-se de repetir?" Nunca um livro fez tanto jus ao nome.
1 de out. de 2011
Forever Jung
Fui à estreia de "Persona", o novo trabalho de Robert Bondara para o Ballet Nacional Polaco. A peça é muito boa, mas o título demasiado curto para ser inteligível. Deveria antes chamar-se: "Porque insistimos em acreditar que devemos querer ser aquilo que achamos que os outros esperam de nós?".
Na foto, o detalhe de uma obra de Soren Dahlgaard, no Centro de Arte Contemporânea de Varsóvia - uma "paisagem de pessoas" com a cara coberta de massa de pão.
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