21 de nov. de 2011

Até sempre!

  

Obrigado a todos os que me acompanharam nesta(s) viagem(ns), em especial àqueles que foram retribuindo as palavras que aqui se acumularam ao longo dos últimos meses. Soube bem ouvir a vossa reacção e saber-vos desse lado.

Wlodzimierz Pawlaw, "Nostalgia", 1986, óleo sobre tela, em exibição no MS2 de Łódz.

20 de nov. de 2011

Porque nem só de pão vive o homem


"A poesia de cada dia nos dai hoje"
(Adília Lopes)

Jardim japonês do parque Szczytnicki, em Wroclaw.

19 de nov. de 2011

Aqui há pato!


Acho que o Gustavo temia que, tal como em Berlim, imperasse no cardápio de Varsóvia o omnipresente porco, acompanhado das inefáveis batatas - uma suspeita prontamente dissipada com uma ida ao meu restaurante preferido nesta cidade, onde nos deliciámos com o p(r)ato nacional, guarnecido com maçã caramelizada e frutos silvestres, antecedido de um bife tártaro, que fazia jus ao nome do sanguinário povo que tanto atormentou estas gentes em tempos idos. Quando a carne (não) é fraca, é impossível resistir à tentação.

18 de nov. de 2011

To do or not to be



Por vezes estamos tão preocupados em fazer com que as coisas aconteçam que nos esquecemos de deixar que as coisas aconteçam.

17 de nov. de 2011

Last night Pipa saved my blog


"Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
(...)
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar"

Mário Cesariny, Welcome to Elsinore

16 de nov. de 2011

Isto é uma declaração de amor


Chegará o dia em que já não te recordarás do ar desolador que tinham as estações da PKP em remodelação nem de todas as outras que estavam tão pouco sinalizadas que, de cada vez que o comboio parava, tinhas de pôr a cabeça de fora da janela para ver se tinhas chegado ao destino. Um dia não te lembrarás mais de como demoraste oito horas a vencer quatrocentos quilómetros até Gdansk, porque as obras na via pareciam não ter fim; de como aguentaste de pé trezentos quilómetros até Cracóvia, porque o comboio ia tão cheio que não havia sequer espaço para te sentares no chão do corredor; de como a carruagem na viagem até Malbork chocalhava tanto, que temeste perder pelo caminho o que tinhas almoçado em Sopot. E, nesse dia, esquecerás todas as vezes em que te apeteceu mandar a PKP para a PQP, como diria a Isa. Porque a única coisa que então reterás será a paisagem de rostos que foste conhecendo ao longo da linha, como o analista financeiro, que previu o fim da Zona Euro e te mostrou a noite de Kazimierz; ou a advogada estagiária, que te levou para jantar quando chegaram tão tarde a Cracóvia que já não havia restaurantes abertos; ou o consultor de Poznan, que meteu a tua mala no carro da mãe e te levou para uma festa numa cidade que desconhecias; ou a professora de Gdynia, que te deu boleia para o teu hotel e te pegou uma constipação. Quando esse dia chegar, verás que o caminho foi tão importante como o destino e que foste sempre bem acolhido, não porque tivesses os olhos escuros, mas porque os tinhas abertos. E, então, darás razão à tua amiga polaca, que sempre soube que te apaixonarias pela PKP, mesmo que não fosse amor à primeira vista.

15 de nov. de 2011

Arrière-saison



É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
(Ruy Belo)

Há uma estação do ano que desmerecemos, todos aqueles que trazemos ao peito o Mediterrâneo ao qual julgamos pertencer. É uma estação que insistimos em não querer admitir e nos resignamos a acolher com melancolia, porque nos lembra tudo aquilo que não conseguimos fazer enquanto os dias eram longos e as mangas curtas. A custo acabamos por aprender a gostar do Outono, tal como aprendemos a encontrar conforto em lugares-comuns, no som das folhas a estalar sob os nossos passos apressados pelo frio e na derradeira explosão de cores quentes, que nos garantem que o Inverno não durará para sempre e que também elas acabarão por regressar. Que em breve tudo será como dantes. Que em breve nada será como dantes.

14 de nov. de 2011

Napiwek



É engraçado ver como uma língua estrangeira nos devolve o significado oculto de certas palavras no nosso idioma, de que muitas vezes não nos damos conta. Tal como em português, francês ou alemão, também em polaco a palavra gorjeta revela a intenção de se matar a sede a quem se gratifica por um serviço bem prestado.

13 de nov. de 2011

Fruta da época



Era Verão quando passou por aqui a Catarina, que dizia que Varsóvia cheirava a morangos, algo que, de facto, não passa despercebido. Depois dos morangos chegaram os frutos silvestres, e foi ver meninas e senhoras sentadas no banco de jardim ou na paragem de autocarro a debicar amoras, framboesas e mirtilhos de caixas acabadas de comprar numa das muitas bancas de rua. No final da estação foi a vez dos girassóis. E as mesmas meninas e senhoras estenderam no regaço as flores secas e deleitaram-se a descascar as suas sementes.

12 de nov. de 2011

Sorrisos amarelos


O Dia da Independência amanheceu ontem tão frio quanto luminoso. E os parques encheram-se de gente com as mãos escondidas nas luvas felpudas e os sorrisos congelados nas caras rosadas.

11 de nov. de 2011

Say it with flowers


Bem razão tinha a Manuela sobre a obsessão dos polacos com as flores. Como se não bastasse a profusão de floristas por toda a cidade, descobri bem perto de mim uma banca que vende flores 24 horas por dia.

10 de nov. de 2011

Flexing the muscle


Uma imagem vale mais do que mil palavras. E esta é a imagem que a Polónia tem hoje de si própria e que quer mostrar à Europa e ao Mundo.

Magdalena Wosik foi a vencedora da edição deste ano do concurso de cartazes promocionais da Polónia, realizado pela AMS, uma empresa de outdoors, sobre o tema "A Polónia hoje".

9 de nov. de 2011

Escrito na pedra

"True freedom is frightful."


"Solitude is enriching."


"Turn soft and lovely any time you have a chance."


"Protect me from what I want."


"Don't run peoples' lives for them."

Bancos de jardim junto ao Castelo de Ujazdowski, em Varsóvia.

8 de nov. de 2011

As palavras são como barcos


Há dias assim, em que as palavras, que são como barcos, ficam amarradas e não saem, porque não têm nada nem ninguém para transportar.

7 de nov. de 2011

Cuecas de gola alta

"I get so sad when I change from my summer to winter underwear"



Pawel Susid, Sem título ["I get so sad when I change from my summer to winter underwear], 1999, no Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia



Charlotte Beaudry, Sem título, 2010, no Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia



Agnieszka Dybowska, Fiu Fiu, 2011, no Festival de Design de Łódź

6 de nov. de 2011

Amor de mãe. Polónia 1929


Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!" Depois, disse ao discípulo: "Eis a tua mãe!" E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. (Jo 19, 26-27)

Depois da morte da mãe, o pai de Karol Wojtyla levou-o um dia ao mosteiro de Kalwaria Zebrzydowska e, junto a este quadro de Nossa Senhora, disse-lhe: "Filho, esta agora é a tua mãe". E, desde aquela hora, ele acolheu-a como sua, gravando no pensamento, como uma tatuagem, uma frase que viria a marcar o seu futuro pontificado: "Totus Tuus".

5 de nov. de 2011

"Não tenham medo!"



Perdeu a mãe antes de completar nove anos, o irmão poucos anos mais tarde e, algum tempo depois, o pai. Foi submetido a trabalhos forçados pelos ocupantes nazis e perseguido pelos comunistas que lhes sucederam. Teve dúvidas quanto à sua vocação e, não raras vezes, foi incompreendido entre os seus. Não obstante, ou talvez por isso mesmo, uma das suas frases mais célebres é aquela em que nos explica que nada há a temer senão o próprio medo. Uma frase que nos desafia a abraçarmos a vida, na consciência de que só a poderemos ganhar se estivermos dispostos a "perdê-la" por aquilo em que acreditamos.

Estátua de João Paulo II no Santuário da Divina Misericórdia, entre Wadowice e Cracóvia, junto ao Convento de Lagiewniki, onde viveu Santa Faustina.

4 de nov. de 2011

Carpe diem


Someday soon this will all be someone else's dream.

3 de nov. de 2011

Vou ali e já venho



A julgar pelo bengaleiro de um dos restaurantes da praça central de Cracóvia, Lisboa é ao virar da esquina.

2 de nov. de 2011

Novembrrrrrrrrrro


Exposição "Sculpt Couture" de Halina Mrozek no Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia (MOCAK).